quarta-feira, 27 de abril de 2016

Quem é o bom aluno?

Meus queridos,

duas das frases mais ouvidas pelos professores de cursinho é: "poxa, eu entendi, mas eu nunca iria pensar em fazer isso" (quando o professor acaba de fazer um exercício difícil) e "eu acho que não vou passar, pq conheço o fulaninho e a fulaninha que são muito melhores do que eu, eles já tentaram ano passado e não passaram". Vamos bater um papo sobre essas frases e o sentimento que cerca os alunos ao dizê-las.
Para começar o papo, vou listar duas opções de bons alunos:
- aluno que tem dúvidas 'geniais': é aquele aluno que pensa muito acima da média;
- aluno trabalhador: aquele aluno que faz todas as listas de exercícios, muitas delas com centenas de exercícios braçais.

Obviamente, estou sendo extremista em criar dois grupos de bons alunos, forçando que um não tenha interseção com o outro. Porém, é apenas para simplificar a análise. Se o aluno é muito trabalhador e consegue pensar 'fora da caixinha', ele certamente vai ter muito sucesso.
Na maioria dos casos, o aluno muito inteligente não gosta, ou não se sente interessado, de fazer listas intermináveis de exercícios simples e médios. Os exercícios não o desafiam, ele não sente tesão em dedicar horas do seu dia a fazer exercícios repetitivos. Prefere pensar sobre conceitos mais avançados, pesquisar novos tópicos na internet, tem um papo sempre muito 'cabeça'. Nos colégios convencionais, ele é o melhor aluno da turma sem muito esforço.
Ainda falando na maioria dos casos, o aluno trabalhador não era o primeiro aluno da classe no seu colégio. Ao começar o cursinho, ele sofre para acompanhar a matéria. Acha tudo muito novo, sente dificuldades na Matemática básica. Diferentemente do aluno inteligente, ele se apega às listas com unhas e dentes, tentando matá-las a todo custo.
O aluno trabalhador começa encarando o cursinho se sentindo inferior, pq existem vários alunos muito inteligentes na turma. No início do ano, com pouca matéria, o aluno inteligente ainda se destaca. Porém, como a quantidade de informação dada no cursinho é muito grande, com o passar do tempo o aluno inteligente que não trabalha tanto começa a se perder e não repete o desempenho que tinha no colégio. Esta situação é nova pra ele, ele vê alunos que considera mais limitados que ele tendo resultados melhores nos simulados.
Aí neste momento, voltamos às frases do início do post. O aluno trabalhador se sente incapaz pq existem alunos mais inteligentes que ele na mesma sala. Ele vê exercícios difíceis, que muitas vezes o aluno inteligente consegue resolver, e ele não consegue. Porém, na hora da prova, as questões muito difíceis são poucas. O aluno trabalhador tem condições de ter um resultado melhor que o do aluno inteligente, já que a prova é composta em sua maioria de questões médias e fáceis. Isto vale para qualquer prova. Não estou dizendo que o aluno inteligente não vai ser aprovado. Estou dizendo é que não basta a inteligência. Ele precisa ser trabalhador como o aluno que sempre foi mediano. Em caso contrário, se não trabalhar, o aluno inteligente tem menos chances de ser aprovado que o aluno mediano trabalhador. O aluno trabalhador pode nunca ter uma sacada genial, mas ele é capaz de reproduzi-la, depois de ver o professor resolvendo uma questão. E vai trabalhar pra fazer isso. O aluno inteligente que não trabalha tanto provavelmente vai fazer estas questões difíceis. Mas vai perder muitos pontos em questões fáceis e médias, na maioria das vezes por falta de atenção. Por ter perdido velocidade ao não realizar o treinamento com o máximo de dedicação.

Para dar um exemplo mais palpável, vou citar dois casos recentes do esporte: Atlético de Madrid x Barcelona (Champions League) e Audax x São Paulo (Campeonato Paulista). Nos dois casos, temos times poderosos (Barcelona e São Paulo) contra times menos técnicos (Atlético de Madrid e Audax). O Barcelona multicampeão, de Messi, Neymar, Suarez e Iniesta. São Paulo que disputa a Libertadores, com N títulos paulistas. Os dois confrontos, em certo aspecto, foram muito parecidos: os times limitados extremamente aplicados na defesa, marcando muito bem, lutando por cada bola como se fosse um prato de comida. E os times mais técnicos tentando furar o bloqueio. Não por terem menosprezado os oponentes. A causa, a meu ver, é a dificuldade de jogar contra um adversário que marcava duro o tempo todo.

Nos dois confrontos, o time mais técnico acabou ficando nervoso por não conseguir entrar na defesa dos times mais esforçados. Os resultados foram os mesmos: o time esforçado passou de fase. No caso da Europa, Atlético de Madrid bateu o Barcelona e chegou às semifinais. No caso paulista, o Audax deu uma pancada no São Paulo e chegou às semifinais, quando passou pelo Corinthians e faz agora a final contra o Santos.
No nosso mundo da preparação pra concursos, é mais indicado ser o Atlético ou o Audax. E não o Barcelona ou o São Paulo. Se você é um aluno esforçado, está no caminho certo. Se você é um aluno inteligente, trate de trabalhar. É mais importante você ser eficiente e fazer todos os pontos fáceis e médios do que ser o aluno que vai fazer as questões mais difíceis da prova, e poucas. Na hora da pontuação, o que vale é a quantidade de pontos. Não a dificuldade.
A aprovação é logo ali.
Beijomeliga.

3 comentários:

  1. Ae, quem perdeu pro Audax foi o Corinthians por 2x2 (4x1 nos pênaltis), e não o São Paulo.

    Observação: ELITE > SEI

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Boa noite,
    Estava pesquisando por cursinhos e, por acaso, descobri seu blog.
    Achei muito interessante e motivador, principalmente para quem está perdendo confiança em si. Ultimamente, venho me sentindo insegura e estou exatamente como você descreveu, estou pensando "tem muitos melhores que eu".
    Estou no segundo ano e estou pensando em fazer um pré-vestibular focado no IME e no ITA, mas antes gostaria de fazer uma pergunta, é possível alguém passar para um desses concursos estudando em casa?
    Gostei muito do seu blog, de verdade.
    Desculpe pelo comentário enorme.

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